Monday, August 02, 2010


As listas

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Então, dizem que nossa língua materna é a que melhor representa nossos sentimentos e cá estou, sentindo alguma coisa. Não que isso seja uma verdade irremediável. Um amigo meu disse que se sentia unfulfilling hoje, e que não conseguia sequer imaginar uma outra palavra em português que traduzisse isso aí.

Eu, que quase fui escritora, se não fosse a percepção de que meu silêncio é imensamente melhor do que mil das minhas palavras, percebi que unfulfilling poderia ser vazio, não preenchido, incompleto ou simplesmente uma solidão desoladora da falta que uma mão sobre a sua faz sentir.

Eu faço listas. Gosto delas. São uma brincadeira psicológica sobre ser feliz, fazer coisas que você não faz porque não dá a devida importância. Minhas listas são sobre não trabalhar. Sobre recuperar aquilo que intrinsecamente me pertenceu em outras épocas, mas me esvaiu como se esvai a mocidade.

Minhas listas são sobre o amor. Sem a culpa de ser piegas. Sem negar um sorriso para quem precisar. São listas de ingenuidade pura, prestes a se tornar madura, daquilo que não foi porque eu não quis deixar.

E organizam, sim! Fazem a vida que não é, vir a ser exatamente como eu quis, sonhei planejei. Faz com que eu me lembre sempre que ser saudável é uma liberdade imensa, que meus pais são maravilhosos, que comer é um bom remédio, que minhas irmãs vão aprender e meus amigos vão precisar. As listas me dizem que casar foi a melhor coisa que eu escolhi fazer.

São minhas listas, é um pedaço de vida. Pedaços que, juntos, são totalmente fulfilling, próprios de quem sabe viver. 

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