Monday, November 24, 2008


Espera

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Encostada no muro da rua escura, sem estrela, sem nada

Queria que o tempo passasse voando, como quando se diverte

Queria que a hora certa chegasse, como quando chamam o seu nome

Mas nada acontecia e eu lá esperando, parada, sozinha.

 

O silêncio me contava histórias de sobressaltos

Um segredo podia acontecer a qualquer momento

Porque aquele era um lugar deserto e mal alentado

E só havia uma pessoa ali, esperando, parada, sozinha.

 

Bateu um farol que fez meus olhos se fecharem

Percebi que quase no fim da rua havia um anúncio em néon

Seria algo proibido, um cassino, uma zona?

Não sei, mas insistia em ficar esperando, parada, sozinha.

 

Um gato pulou de uma árvore e atravessou correndo,

Eu, alarmada, olho a rua e vejo um homem que bate a campanhinha

A moça abre, vigiando os lados, queria saber se não tinha ninguém,

Mas tinha uma pessoa que esperava, parada, sozinha.

 

Uma gota bateu na minha cabeça forte e pesada,

Antes que eu pudesse passar a mão, veio outra,

Agora a ansiedade aumentava porque era chuva de trovão,

Mas continuei firme esperando, parada, sozinha.

 

De repente, escuto a buzina de longe e vejo o carro preto,

Seria alguém pra me tirar daquela rua de tráfico de drogas?

Era minha vez de entrar, cheia de razão, em outro lugar?

Não. O que só me obrigava a mais esperar, parada, sozinha.

 

A revolta começava a cutucar minhas costas,

Já estava cansada de esperar, cadê ele que não aparecia?

Enquanto isso, uma noite fria e estranha se insinuava para mim,

E eu nem respondia, porque estava esperando, parada, sozinha.

 

Eram cenas estranhas que se desenhavam na ponta do meu nariz,

Um frio no estômago que incomodava o coração lá em cima,

Minha imaginação não sossegava e me mostrava o que eu tinha medo de ver

Mas o que mais se esperava de alguém que só esperava, parada e sozinha?

 

Quando já não havia mais esperança e achei que ia ficar

Com a certeza de que fora esquecida e que agora sim o tempo não ia passar

Ele apareceu, enfim, para me levar, mas quem disse que eu o queria

Esperar com tanto desgosto mata o amor, meu bem, e ensina a ficar sozinha. 

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